O tema da CASACOR São Paulo 2025 é “Semear Sonhos”. A proposta desta edição, em exposição no Parque da Água Branca, reflete sobre a criação coletiva de futuros desejáveis, promovendo a integração entre cidade e natureza e incentivando a colaboração entre diferentes áreas em busca de soluções inovadoras e sustentáveis. O conceito se apoia em três pilares: sonhos coletivos, ecossistemas em cooperação e confluência de saberes, convidando profissionais e visitantes a repensarem o morar contemporâneo e a relação entre o ambiente urbano e o natural.


Sonhos, texturas e personalidade:

O “Living do Colecionador”, projeto de Dado Castello Branco, foi um dos que mais me chamou atenção. O espaço tem aquela atmosfera de ambiente construído com o tempo, onde cada detalhe parece ter sido escolhido a dedo, refletindo a personalidade e a história do morador. Não à toa, o nome faz jus: é um living para quem coleciona memórias, arte e experiências.

O que mais me encantou aqui foi o diálogo entre cores e texturas. É um ambiente que acolhe, que convida a ficar — e que mostra como a mistura de materiais pode transformar a sensação de um espaço.

Como designer têxtil, não resisti à ideia de imaginar minha estampa Jardim do Louvre nesse cenário. O vermelho dramático e o floral artístico das minhas peças poderiam aparecer tanto em almofadas, trazendo um ponto de cor e arte para o sofá, quanto em cortinas, criando um contraste interessante com o aconchego dos tons terrosos. 

Dado Castello Branco
Living do Colecionador


Estante Galeria da Vida

Eu confesso: posso até ser a maluca da organização, mas não resisto ao charme de uma estante cheia, repleta de livros, objetos de viagem e pequenas memórias do morador. Para mim, não existe nada mais pessoal e autêntico do que uma estante abarrotada, onde cada detalhe revela um pouco da história de quem vive ali.


Ela pode ser pano de fundo discreto ou o grande destaque do ambiente — tanto faz. O importante é que a estante está ali para mostrar quem você é, nos mínimos detalhes: gostos, paixões, lembranças e até aquelas pequenas excentricidades que tornam a casa única. É como uma galeria particular, onde a vida se revela em cada prateleira.


Passado e Presente

Misturar passado e presente é o grande trunfo desse projeto de Carlos Navaro e Melissa Camargo. Aqui, o clássico e o contemporâneo convivem em perfeita harmonia: o preto nas marcenarias, o mármore Paraná escultural da ilha e o papel de parede artesanal, feito de palha de ikat amarelo. quebram a monotonia da tradicional cozinha branca e fria. A escolha de linhas curvas, o uso de objetos em madeira  e detalhes como o abajur sobre a bancada trazem personalidade e tornam o ambiente muito mais acolhedor e convidativo.

A cozinha, que costuma ser dominada pela praticidade e pelo inox, ganha aqui um ar de espaço vivido, pensado para receber e conviver. Elementos inusitados — como o abajur e a composição de vasos e objetos pessoais — mostram que a cozinha pode, sim, ser cheia de estilo e histórias, sem perder a funcionalidade. É o tipo de ambiente que faz a gente querer passar mais tempo, seja cozinhando, recebendo ou só curtindo o espaço.

Carlos Navaro e Melissa Camargo
Reflexos da Tradição


Nada de triste nesse azul

Não tinha dúvidas de que o projeto do Mauricio Arruda seria um dos meus favoritos da CASACOR 2025, e esse quarto azul só confirmou minhas expectativas. Se existe um lugar onde o azul funciona perfeitamente, é no quarto: transmite calma, serenidade e muito aconchego — tudo o que a gente espera desse espaço.

Aqui, o azul suave das paredes, cria uma atmosfera leve e contemplativa. Nada de tristeza: esse tom convida a relaxar, pensar e até sonhar acordado. A escolha das texturas — fibras naturais, madeira, cerâmica — e a mistura de cores quentes nos têxteis aquecem ainda mais o ambiente, equilibrando a paleta fria com toques de conforto.

Quem não gostaria de acordar todos os dias e se deparar com esse azul que lembra um dia lindo de verão?

 
Mauricio Arruda
Casa coral - Cores do Parque


Rotina com alma

Se eu pudesse, sairia da CASACOR carregando essa mesa comigo. Faz tempo que um móvel novo não me chama tanta atenção assim! O detalhe do tecido revestindo a base é simplesmente genial — não lembro de ter visto algo parecido tantas vezes por aí.

Como apaixonada por cores e texturas, consigo me imaginar trabalhando horas nesse espaço. A mesa mostra que o contemporâneo não precisa ser frio ou impessoal: aqui, a mistura da madeira com o tecido cria um aconchego único, provando que design atual também pode ter alma, história e personalidade. Quando o assunto é criar ambientes acolhedores, nada supera a combinação de materiais naturais e texturas marcantes.


Fico devendo o nome de quem projetou esse ambiente, até porque, ver uma mostra de desing com uma criança de 3 anos não é a melhor das opções rs.